sábado, 21 de fevereiro de 2015
GRÉCIA...
A Grécia é notícia na CEE/UE praticamente desde 1981, ano da sua adesão, e em regra pelas razões erradas.
Custa a acreditar que tanto desvario variado possa originar numa única sociedade/nação/país/Estado. Francamente, teria ainda assim de aprofundar alguns dados objectivos para concluir de forma definitiva sobre a viabilidade da sua presença na Zona Euro.
O povo grego, o grego comum não há-de ser tão original que se destaque pela negativa dos demais povos europeus. Lá como em Portugal, como em muita outra sociedade, são as redes mais ou menos anónimas de interesses legítimos e ilegítimos que justamente produzem efeitos desastrosos. Estes grupos são necessariamente pequenos e que depois revelam-se determinantes no output do país e na imagem que outros têm desse país...
Feita a avaliação do funcionamento da Grécia com base no seu histórico desde 1981, entra o enquadramento e a política da UE onde muito de relevante se poderia dizer.
Quais os verdadeiros objectivos da União Europeia hoje enquanto bloco de 28 Estados-nação soberanos e diversos e com diferentes estádios de desenvolvimento?
Para o actual PR, no tempo da sua governação, o objectivo nacional comparativo era ultrapassar a Grécia - e para consumo interno tal objectivo terá sido conseguido momentaneamente.
Fast forward para a caixa de Pandora aberta com a crise das dívidas soberanas.....
Foi o excesso de endividamento e a construção incompleta da união monetária que abriu aquela caixa accionada pela crise financeira dos EUA. A resposta das instituições europeias foi a que se conhece, com assistência financeira e técnica do FMI, gerida com o predomínio absoluto de uma linha de pensamento único avançado e consolidado pela Alemanha. O ascendente germânico foi conquistando terreno e adeptos que de forma por vezes primária diabolizou o Sul gastador...
Transformando percepções relativas e subjectivas em generalizações infundadas.
Isso podem fazer o Zé da Grécia e o Zé da Itália no Sul, o Zé da Alemanha e o Zé da Holanda no Norte, de forma inocente e inconsequente.
Não podem fazer dirigentes políticos com discurso público.
Em Portugal, o actual vice-presidente do BCE, durante os anos iniciais da moeda única defendeu que a questão dos excessos macro-económicos (variáveis determinantes fortemente desequilibradas) seriam um problema menor no novo contexto. Seria interessante saber o que pensa hoje após as traumatizantes experiências vividas no Sul da Europa.
Há aqui muita coisa que fica no ar mas esta história tem definição cronológica recente e responsáveis directos, individuais, colectivos e institucionais.
A moeda única foi o resultado de uma negociação franco-alemã, a concessão alemã exigida pela França para anuir à reunificação entre a DDR/RDA e a BRD/RFA - desde que, o EURO fosse moeda forte a replicar o DM e a inflação residual. A Alemanha, de novo agigantada, manteria sempre um peso no BCE e na definição da política monetária proporcional ao tamanho da sua economia e demografia reforçada em 17-19M em 1990.
Mas a união monetária era para evoluir no sentido de uma crescente integração económica e política entre as nações da UE.
A Grécia quer, através do novo governo, interromper o ciclo da bebedeira que muitos ganhos trouxe a muitos no Norte e a alguns no Sul, abrindo um novo caminho para o país. Dou-lhes o benefício da dúvida que fizeram por merecer.
Varoufakis é um tipo brilhante e o seu cachecol ou camisa de fora e sem gravata são pormenores que apenas provocam esta onda mediática porque vivemos um tempo árido de ideias compensado pelo vazio das aparências.
É o que menos interessa, este tipo cultiva a informalidade desde sempre não vendo necessidade de a alterar por ser agora o MF do seu país.
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